Para habitar entre grades: táticas de [sobre]vida na prisão

Sara Vieira Antunes

Resumo


Este artigo parte de pesquisa etnográfica realizada em uma penitenciária feminina paulista por meio de um projeto de leitura para discutir as formas de habitar o ambiente prisional, com ênfase na materialidade dessa experiência e nas táticas mobilizadas para produzir as condições dessa habitação. Notadamente marcada pela redução – de espaço, de materiais, de relações – a prisão foi historicamente arquitetada para punir através do isolamento de determinados indivíduos em estruturas formadas por muros altos, cercas, grades e pela contínua vigilância de guardas. A partir das falas de minhas interlocutoras, os muros, cercas e grades ganham profundidade, cor, som e temperatura de um momento da vida marcado no corpo e na memória. Dessa forma, com destaque para a experiência material e para as modalidades sensíveis do cotidiano prisional, trago experiências observadas entre Vanda, Iaiá e Marisa, interlocutoras da pesquisa, para refletir sobre as formas de gerir o corpo e os ambientes no exercício diário de habitar a prisão.

Palavras-chave


Habitar, Prisão, Corpo.

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