Do povo da rua à população carcerária: mulheres, rua e prisão

Helena Patini Lancellotti

Resumo


O intuito da pesquisa é demonstrar, por meio de narrativas de seis mulheres com trajetórias de rua que estavam presas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, que algumas existências são invisíveis para o Estado. O modo de gestão do Estado está baseado na biopolítica em que o objetivo é gerir através de taxas populacionais que dizem respeito à vida humana. As pessoas que estão fora dessas taxas não são contadas,
o que torna suas existências invisíveis frente aos mecanismos de poder. As vidas destas mulheres com trajetórias de rua são reconhecidas pelo Estado a partir do momento em que passam a fazer parte da população carcerária, sendo que quando podem ser reguladas pelos mecanismos de poder é que suas existências são reconhecidas e conseguem acesso a serviços básicos de subsistência.


Palavras-chave


Mulheres presas – Antropologia do Estado – Mulheres em situação de rua

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